O Rio São Francisco é um dos mais importantes do país, por causa da sua relevância social, cultural e econômica, também será reconhecido como um manancial a partir do qual a Palavra de Deus vai ser proclamada. E que em fevereiro, o barco Doulos vai começar a navegar as águas do Velho Chico para evangelizar os povos ribeirinhos por meio do pastor Ezequias Ribeiro de Sousa, missionário da Agência Missionária de Evangelização do Sertão (AMES).
O pastor, que é casado com Sidnilia e pai de Nathália e Sallie, vai começar uma jornada de 1,2 mil quilômetros para falar de Jesus às comunidades que ficam nas margens do rio. Ele é filho de missionários que atuaram parte da vida no Sertão da Bahia.
“Eu fui criado ali e aprendi a amar esse povo. Mas acabei indo morar no Espírito Santo, longe do Sertão. Mas Deus tinha seus propósitos e com seus planos nos abençoou para que pudéssemos voltar e é isso que vamos fazer em 2024”, conta o pastor.
Antes de partir para esse desafio a bordo do barco Doulos, Ezequias já fez uma expedição para mapear todas as comunidades a convite do idealizador da AMES, Antônio Torres, em 2018, saindo de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e chegando em Orocó, em Pernambuco. Com pesquisas e auxílio de um drone, foram cadastradas 260 comunidades ao longo do percurso feito com um barco menor, com quatro pessoas na tripulação.
A viagem foi realizada em quatro etapas pelas águas do Velho Chico, e o pastor diz que foi uma experiência fantástica. “A gente desceu sem saber direito. Como sempre, o ribeirinho sertanejo é muito receptivo. Todos sempre nos ajudavam com informações. A gente ficava indo de um lado para o outro do rio. No final do dia, a gente parava, armava acampamento, dormia ali na beira do rio mesmo. E continuava a expedição”.
Nesses períodos de viagem, dezenas de comunidades e centenas de pessoas cruzaram o caminho de Ezequias e da equipe. Foram histórias emocionantes que os motivaram ainda mais a voltar para falar da Palavra de Deus para aquele povo que vive em um cenário de vulnerabilidade. “Na localidade de Torrinha, fomos informados que ali havia 512 moradores adultos, nenhum deles crente. E essa situação se repetiu por trinta comunidades sem um crente sequer”, detalha.
Outro fator que chamou a atenção do missionário é a desesperança que atinge os ribeirinhos. Eles vivem num cenário de carência total, onde existe muito abuso sexual, estupros e drogas. “E é coisa que parte o coração da gente, mas um povo extremamente receptivo, que tem um coração muito grande”, acrescentou o pastor.
O missionário relata que, próximo à barragem de Sobradinho, numa região conhecida como Ilha das Pedras, um senhor chamado Gildásio chamou a atenção dele por dizer: “Os crentes não querem vir aqui não. Aqui é longe, ninguém quer saber da gente”.
Mal sabe seu Gildásio que, em 2024, ele vai ter que refazer sua frase, pois vai perceber que a AMES quer saber dele e de todas as pessoas que precisam do Evangelho de Jesus às margens do Rio São Francisco. Em fevereiro, o barco Doulos vai chegar a cada comunidade mapeada durante a primeira expedição.
O barco
O barco Doulos tem nove comprimento por 3,5m largura, com capacidade para 15 pessoas. Tem ar-condicionado, geladeira, fogão, forno, máquina de lavar, chuveiro quente, central de tratamento de água, para retirar a água do rio e torná-la potável, e é autossuficiente em energia solar.
“A gente tem um plano de visitar cada comunidade. Então acredito que Deus tem nos usado e usado pessoas para nos abençoar Vários amigos queridos do coração têm participado e muitos, que nem viram o barco ainda, estão contribuindo para que o projeto seja feito. Em breve, nós estaremos ali no Rio São Francisco para levar a palavra de Jesus aos ribeirinhos”, finaliza o pastor missionário.
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